20080705
4 Pensadores

O QUE É QUE EU TÔ FAZENDO AQUI? - Parte II

sábado, julho 05, 2008


Ontem o psicólogo não saiu de casa. Não desejou abandonar o seu útero de concreto. A sua caixa de concreto é bem mais segura do que as vias públicas... e pensou: seria uma crise de pânico? Provavelmente não. Mas é que o trânsito... ah, lá vinha ele com essa conversa manjada de que o trânsito também é a raiz de todos os males modernos e que sempre estará mergulhado no caos infinito! Ele simplesmente não queria sair de casa. Se sairmos de casa temos a tendência importuna de só observarmos apenas o que acontece de ruim no meio! E a culpa é do governo! Sim, nossos governos nos decepcionam, mas a culpa desse trânsito caótico com certeza é do automóvel!!! Explico: para muitos especialistas o carro não é um transporte, é parte da personalidade de seu dono. Um estudioso do assunto referiu-se ao automóvel como uma armadura de aço que altera o estado consciência realista do sujeito e o transforma no “Incrível Hull”. É “Hull” mesmo, já que “Hulk” significa navio velho (o que tem isso haver com o sujeito verde criado por Jack Kirby e Stan Lee, em 1962, meu pai?) e “Hull” é casca. A “casca” é a cara da maioria dos motoristas fortalezenses! O automóvel encobre as suas deficiências (inclusive as mentais) e o sujeito deixa de ser o que é e passa a ser a marca do carro, isto é, a casca... e passa a ter a ilusão de que está seguro dentro da lata! E ainda tem os vidros “fumê” que protegem a sua identidade! Pensa que tem poderes invencíveis e que pode ter a atenção de todos, mas no final é só uma casca!

O problema crucial é que os nossos DETRAN’s em conjunto com as auto-escolas deformam mais do que formam novos “cascatores” (condutor casca). E para não ser uma casca as criaturinhas que pretendem dirigir devem prestar muita atenção em três pontos vitais, além das “cartilhas para fazer pensar que é motorista” e dos “testes psicóticos” (porque eles te deixam assim!):
1. O automóvel é um objeto potencialmente formador de ideais individualistas, já que a imagem de poder ter um automóvel invade o “ego fragilizado” e reforça a idéia de que só os seus interesses é que devem ser satisfeitos e dane-se o resto! Além disso, essa sensação de segurança faz o sujeito crer que só é completo se for com o carro tornando-o escravo de uma relação fetichista. Portanto, não é você que manda no carro, mas o carro é que manda em você! E não seja besta de achar que o carro vai te proteger, é só um objeto que quebra como qualquer outro e a menor pancadinha de seu corpo miserável na estrutura acerada de um carro pode te matar! E aí é que o carro, diferente de outros objetos, passa a ser um instrumento de paradoxo: o que te dá sensação de liberdade, poder e fazer viver, pode te aprisionar, frustrar e fazer morrer.
2. A criaturinha recém-motorizada não vai passear num bosque florido cheio de fadas e gnomos, ela vai ser jogada em um “rally”, um desafio, um videogame violento em que a etapa final é chegar em casa sem ter batido em ninguém, sem ter invadido o espaço que não é seu, sem ter desrespeitado nenhum ser vivo, sem ter quebrado o que não é seu – e nem o que é, enfim, sem ter incomodado nada e ninguém! Mas, isso parece impossível aos nossos condutores, já que importa é ter sossego dentro da redoma e não fora dela... então para a maioria de nossos “cascatores” só apelando para o game over. Ainda temos que jogar nos desviando de buracos (eles estarão sempre lá esperando por nós)! Escapar dos assaltos! Ah, os buracos e os assaltos, símbolos-mestre do desprezo do Estado pelos seus motoristas! E ainda fugir dos bêbados e irresponsáveis! É muita responsabilidade!
3. O mundo do trânsito é mal-educado! Se você vai para o asfalto pensando em receber gentilezas, esqueça! Não saia de casa! Já dizia minha avó: - “costume de casa vai à praça”. E, nós, fortalezenses (pelo menos a maioria) somos doutores em má-educação. E é histórico em nossa cultura e cultural em nossa história: a má-educação impera desde o império... tínhamos um rei glutão que era pai de um imperador fanfarrão! E ambos tinham a péssima educação de fugir de suas responsabilidades enquanto o barco pegava fogo! O Estado (leia-se Prefeitura Municipal de Fortaleza) também é mal-educado... ele tem o péssimo hábito de virar as costas e sair de cena enquanto o povo fala! Não dá a vez para os idosos, gestantes, deficientes e nem crianças! E ainda cospe no prato que comeu (faz as mesmas marmotas dos seus antecessores e ainda fala mal deles)! Assim como os pais são o espelho dos filhos, o Estado deveria servir de alguma coisa para o seu povo!

Chega desse pensamento esquizóide! Não tem quem agüente mais o trânsito, pior falar nele! Acorda psicólogo, acorda! Tá em casa? Vai olhar o feijão que tá queimando! Ah... se você fez aquele balanceamento de rodas no capricho e pagou caro por isso... Esqueça... sempre tem um buraco esperando por você e aí a suspensão do seu carrinho já era! E não adianta perguntar a Freud, porque o trânsito em Fortaleza nem ele explica!

4 Pensadores:

Anderson Marin Lima disse...

Em São Paulo a má-educação é a mesma... Motoristas mal-educados, folgados, irresponsaveis, desonestos, apressados, ignorantes... CRIMINOSOS! O governo tem realmente sua parcela de culpa, a popualçao tem a outra parcela. O carro, mais do que somente a extensão de nossas pernas, as vezes, vira a extensão de uma arma.. Deus me livre e proteja a todos em que eu estou pensando, por que o perigo está em todas as ruas, esquinas, semáforos...

Anônimo disse...

Concordo plenamente com sua exposição, vc simplismente falou a mais pura realidade, pois o carro realmente revela a personalidade das pessoas, é ali mesmo que elas se auto-afirmam com o seu " carrão", desrespeitando tudo e a todos!!!

Fala, Garoto! disse...

Fala, garotos! Voiltei ao blog! Abs

Joe Vieira disse...

Olá, Ego! Sobre sua pergunta em meu blog, não conheço o produto Sfera, então não sou o mais indicado pra lhe falar sobre ele. Legal o seu blog também. Um abraço.

 
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