O psicólogo não conseguia dormir naquela noite de lua cheia. Ele sabia que não era pago para pensar, mas a cabeça dele não parava e ainda mais naquela noite! Não havia quem explicasse porque “cargas d’água” ele tinha que lembrar e relembrar como algumas criaturas da noite conseguiam “sugar” suas vítimas de forma tão eficientemente violenta! Mas, tomar o que é do outro, na “marra,” não é característica apenas de nossos contemporâneos meliantes. Sabe-se dos povos antigos que invadiam as terras-mãe dos outros, chacinavam a todos para ficar com os “despojos” e, também, com suas terras. E não foi assim com a nossa América Espanhola? E o Brasil, desde que se descobriu mais luso que tupi, não foi sempre uma história de surrupiar e tomar a coisa alheia? E os meliantes com suas armas de fogo, sombras da noite, não teriam herdado essa cultura de violentar o mais fraco? E o psicólogo se esforçou para imaginar estar no lugar daquele outro mais fraco, a vítima.
Quase enlouqueceu de tanto pensar. Além de suportarmos ser vítimas das criaturas da noite, temos que agüentar as criaturas do dia, que igualmente nos violentam e tomam o que é nosso, porém de um modo subliminar. Esses seres do dia andam engravatados, eloqüentes e muitos são até venerados em nossa sociedade, contudo, escondem segredos terríveis, gestos que as criaturas da noite fazem questão de mostrar. O psicólogo se lembrou que alguns desses segredos são descobertos como o caso do juiz de Sobral que matou o segurança do supermercado. Ele queria de qualquer jeito entrar no “mercantil” depois que as portas estavam fechadas só porque era juiz. E o segurança não deixou... então, o juiz sacou sua arma de fogo e matou o segurança. A criatura judiciária não sabia que estava sendo filmada, logo pôs para fora os seus maus segredos, roubando o direito à vida, pensando que depois poderia negá-los. Faz alguns dias o juiz também morreu... num infarto fulminante.
Os pensamentos não paravam de girar em sua mente. Lembrou que, ultimamente, o governo municipal fortalezense inventou de surrupiar os seus servidores. Como assim? De uns meses p’ra cá, a Dona Loira teve a maliciosa idéia de entrar no Judiciário com uma Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) contra o direito de isonomia salarial desses servidores municipais. Bem, muitos desses direitos foram adquiridos desde 1985! E aí, ela quer surrupiar esses direitos? Não são os direitos adquiridos preceitos fundamentais da Constituição? E quem entrou agora na Justiça para ter direito à isonomia também deveria levar “peia”! Porém, o relator Ministro que recebeu esse pedido da “Loira” achou a idéia descabida, infundada a ação e arquivou o desejo da chefona! Mas, ela é teimosa e resolveu recorrer clamando por uma cautelar que suspendesse todo direito de isonomia do servidor! Ela quer porque quer abusar! Agora, me respondam: qual a diferença do Estado para o juiz e destes para as criaturas da noite?
Qual o motor que sustenta tamanho desejo de tomar o que é do outro? Seria mesmo a inveja? A inveja é algo que nos acompanha desde os primórdios de nossa infância. O pensador Freud vai defender que, durante a fase do Complexo de Édipo, o menino teria inveja do pai por desejar a mãe só para si, exclusivamente. A menina, além de ter inveja da mãe, teria inveja do menino porque ele possui “mangueirinha” e ela não. Daí, a menina é aterrorizada pelo funesto Complexo de Castração! Na verdade, tanto o menino quanto a menina, sentem-se inferiores por não possuírem o poder ou a coisa que o outro tem e que os faz cair num obscuro sentimento de falta! Isso dá coceira, dor no “quengo” e vontade de tomar as coisas dos outros! Certa vez, a professora de Sociologia do psicólogo disse que, hoje, só se fica rico roubando. O patrão que rouba o empregado quando não lhe paga o devido salário, o mercador que rouba o consumidor quando superfatura sua mercadoria ou cobra juros altos, o Estado que rouba o contribuinte quando não lhe devolve o que é direito. Enfim, graças a Deus, há coisas que os ladrões não podem tomar: a honestidade p’ra lutar, um sono justo p’ra sonhar e a capacidade de pensar!
7 Pensadores:
Tio, a muié mandou pro STF por que lá a jurisprudência é favoravel a ela. Ela pediu também pra suspender os direitos de quem já recebe e parar as ações na justiça até que a causa seja julgada. Os servidores sabem o que tem que fazer...
Li o texto e gostei. Mas só depois de ter lido todo é que percebi que ele era a segunda parte do primeiro que está aí embaixo rs.
Bacana. Vou voltar pra ler o primeiro depois rs.
Forte abraço. Inté!
Que abuso das "loira". Por que não reduzirm o salário dela e de todos os "engravatados"?
E sou totalmente contrário ao último pensamento, de que só se enriquece roubando. Creio que podemos atingir o sucesso de modo honesto. O caminho é mais árduo, afinal, são tantos que vendem a mãe para melhorar o salário... Mas, como você falou, a honestidade não há como roubar, nem minha consicência e minha honra!!
belo texto!
abços!
Enquanto isso os nossos políticos continuam ganhando cada vez mais, seus familiares com cargos de confiança e sem qualificação. Não devemos nos calar diante de tanta impunidade!
Abrç
Esses políticos... essa nossa justiça!!!!
Aii mópai!!
Beijooos qridoos, saudades!!
Adorei seu blog.
Visita meu blog também
http://thiagocbpompeu.blogspot.com/
Cheio de artistas.
Abraços,
Thiago Pompeu
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