20080911
2 Pensadores

O DIA DO JOGO

quinta-feira, setembro 11, 2008

Todo dia de jogo no Estádio Plácido Castelo – o Castelão - é a mesma coisa. Esses dias ressuscitam muitos traumas: o psicólogo lembra, num instante, dos jogos em que o time do Ceará enfrenta o Fortaleza. Os comentaristas chamam esse embate de “Clássico Rei”, o psicólogo chama de “Gatilho da Síndrome do Dia do Jogo” ou, “um tempo para não sair de casa”. Explico: quando o Fortaleza e o Ceará jogam, não são apenas os times que se digladiam. As torcidas organizadas também! E no fim do jogo é um tal de pedra que vai e pedra que vem na rotatória do Castelão que, Deus proteja quem passar por lá. Aí vem a tropa de choque com seus gases e balas de borracha, segundo ela, a única forma de dispersar essa “mundiça”. A rotatória vira ringue de “Pit Bulls”! Mas, o “Clássico” não lembra somente verbos como enfrentar ou embater, nem as brigas de torcidas. Lembra também o Gadelhinha: amigo de lida do psicólogo, um sujeito de paz lá do Pacoti, que só deseja ir aos jogos do Ceará e ver o seu time ganhar. Um dia, ele confessou que deixou de ir à missa para ver o jogo e depois se sentiu culpado! Se a maioria dos torcedores organizados fosse como o Gadelhinha, o mundo futebolístico agradeceria!

Muito parecidos com os nossos “hooligans tupiniquins” e que não deixam de ser uma torcida, são os “militantes politiqueiros” em época de eleição. Uma típica segunda-feira fortalezense só traz o Bar do Pirata como opção e olhe lá. Porém, o ser humano é um bicho que com nada se contenta, então inventa! Na rua Vicente Leite tem uma rede de TV que se diz jovem. Era noite de debate (embate) político nesse canal e enquanto os candidatos a prefeito lavavam suas roupas sujas no conforto das poltronas macias e do ar condicionado, seus torcedores militantes se matavam no asfalto! Aproveitavam os mastros das bandeiras para acertar a cabeça uns dos outros. E daquela massa vieram duas meninas correndo e chorando... chamem a polícia, tem briga ali! O psicólogo observava da esquina e viu quando o Ronda chegou. Contudo, era muita, muita gente mesmo p’ra segurar! Tentaram tomar as bandeiras e amenizar os ânimos, mas era militante demais para o caminhão deles. Então, “não podendo com o pote”, eles foram embora e a confusão continuou. Um rapaz, que desistiu da vibração, logo saiu murmurando: “Coisa sem futuro! Esses políticos não sabem nem que a gente existe!” Logo, por que se bater por coisas tão insignificantes, pelo menos a nossa vista? De repente, surgiu o recordar de algo que a professora de Psicossocial falava demais, eis então o vilão dessas desavenças: o
Narcisismo das Pequenas Diferenças!

Em 1921, Freud escreveu “Psicologia de Grupo e Análise do Ego” e retomou o assunto do Narcisismo das Pequenas Diferenças escrito em um texto anterior, “O Tabu da Virgindade”. O Narcisismo é um negócio sério e que foi explicado na figura de um sujeito que provavelmente teve uma relação péssima com sua mãe e traumatizado faz tudo para esquecer isso. Como ele não sabe elaborar nem esse, nem outros de seus muitos problemas, ele se vê um cara que não vale o que o gato enterra, daí, para não se ver como um sujeito fracassado no espelho, ele delira e constrói uma imagem de si como um super herói, perfeito e maravilhoso! Só que esse super herói, na verdade, é um falso “eu” que tenta esconder o diabo d’um ego fragilizado e que, portanto, deve ser protegido de um mundo mau achando que é melhor que os outros. As pequenas diferenças são detalhes encontrados nos outros que marcam suas identidades, como suas opções, crenças e gostos e que não dão o menor motivo para odiar essas diferenças, mas o NPD faz questão de odiar sem motivo! É fazer um Tsunami num conta-gotas mesmo! Por isso os “judeus” bateram nos “palestinos”, os “skinheads” bateram nos “emos” e a T.U.F bateu na “Cearamor”. Mas, ainda bem que temos pessoas como o Gadelhinha que viu o Ceará empatar com o Paraná na terça e ainda achou graça!




2 Pensadores:

Anderson Marin Lima disse...

Eu adoro ir à estádio, ver o espetáculo das torcidas. Um dia quero ter a chance de ir em vários estádios do brasil para ver os "clássicos". O problema é essa maldita violência. Tem que respeitar as diferenças, o torcedor adversário. É tão perigoso ir ao estádio hoje em dia... É tanta violência. Nem vou mais a jogo entre dois times "grandes"... E olhe lá... O que deveria ser um espaço para diversão, até um evento em família, acaba se tornando um paseio extremamente perigoso...

Juliana Petroni disse...

Bom não tenho o costume de assistir a jogos de futebol, mas valeu a iniciativa.
BJosssssss

 
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