20080503
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INFERNO ENCARCERADO

sábado, maio 03, 2008

Antes era bom, só existia o prazer...

De imediato, comprava todo desejo!

Mas depois, quem poderia saber?

Que apenas me sobraria o medo!

Eles vieram e me tomaram tudo!

Onde está a minha dignidade?

Por que tenho que ficar mudo?

Agora permaneço sem identidade.

Ora, quem invade esse corpo?

E me toma o nome e o direito de ser?

Não interessa se estou vivo ou morto!

O que me resta é o dever de se ter!

Onde teria se escondido a razão?

E aquela liberdade tão prometida?

De que forma, então, eles explicarão?

Que tudo sustenta tamanha mentira!

Cala tua boca! Oh, verme insano!

Bradou a máquina cheia de euforia,

Insuportável seja esse teu ser humano!

Não passas além de uma mercadoria!

Tu és só uma pouca engrenagem...

Outra peça que move o mecanismo,

Não tens nome, nem homenagem,

Podes numa hora estar substituído!

Se não sou aquilo que quero,

Tenho de ser a coisa que compro!

E desistir do tamanho esmero,

De viver a liberdade que sonho!

Desejei ser como um artista,

E sucumbir ao funesto cativeiro!

Ah, que sonho mais altruísta,

Logo me pus em desespero!

Nunca saberei o dia de fugir,

Mas se acontecer, mando recado,

De como pude resistir

A tal inferno encarcerado!

Marcus Galvão

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